Frequentemente, jornais e revistas abordam o tema “dieta”. O mais curioso é que um mesmo veículo costuma publicar matérias totalmente contraditórias sobre o assunto. Uma semana falam sobre os benefícios da dieta X, para, na semana seguinte, dizer que a tal dieta não funciona e o que resolve mesmo é a dieta Y. É claro que isto só acaba por confundir o leitor leigo no assunto, além de não alertar sobre os potencias riscos na adoção de dietas. Desta forma, os meios de comunicação prestam um desserviço à população, ao invés de esclarecer, só confundem mais. Portanto, é interessante destacar quando vemos notícias que podem ajudar a população, ao invés de atrapalhar. O jornal Folha de São Paulo publicou em agosto uma matéria que alerta sobre o perigo das dietas da moda. Tal matéria teve como motivação a indenização de uma mulher de 52 anos britânica que sofreu danos cerebrais ao seguir uma dieta dita de desintoxicação. “A Incrível Dieta da Hidratação” (“Amazing Hydration Diet”) pode levar a sérios distúrbios eletrolíticos, devido ao enorme consumo de água (5 litros diários) e restrição do consumo de sódio (presente no sal).
Embora condenadas pelos profissionais de saúde, as dietas da moda continuam sendo muito procuradas. A cada mês surgem novas dietas, ou até “ressucitam” antigas dietas, somente com um novo nome. É o que ocorreu com a “Dieta da Proteína”. De autoria de Robert Atkins, fez sucesso na década de 70, prometendo rápida perda de peso às custas de restrição rigorosa de carboidratos e grande consumo de proteína. Mais recentemente, tal dieta voltou a ser lançada, com novo nome, ou até mesmo por meio de uma variedade mais “branda”, como a “Dieta de South Beach”. A adoção da “Dieta da Proteína” pode levar à perda de massa muscular, aumento das concentrações de colesterol e comprometimento da função renal. Além disso, a restrição de carboidratos leva a alterações do humor, dores de cabeça, mau-hálito, obstipação intestinal e redução da tolerância à atividade física.
Outra dieta da moda que ficou famosa nos últimos anos é a “Dieta do Tipo Sanguíneo”, de autoria de Peter J D’Adamo, que prega que cada tipo sangüíneo requer tipos diferentes de alimentos, ou até mesmo a exclusão total de alguns deles. O curioso é que o autor, que provavelmente já vendeu milhares de livros às custas da crença e ingenuidade alheias (e, claro, de um bom trabalho de marketing), não possui sequer um trabalho publicado sobre este assunto em revistas científicas confiáveis. Portanto, além de não possuir nenhum embasamento científico, esta dieta ainda pode levar a restrições perigosas de alimentos importantes para a manutenção da saúde.
Atualmente, têm feito muito sucesso, inclusive com divulgação pela internet, as dietas de “desintoxicação” (segundo a matéria da Folha de São Paulo, foram encontradas 1050 páginas a internet sobre o tema). O objetivo seria “limpar” o organismo das “toxinas” resultantes do metabolismo de alimentos “não-saudáveis” e, claro, causar perda de peso. O excesso de aspas aqui se justifica pelo seguinte: primeiro, nosso corpo não fica “sujo” devido à ingestão de alimentos, o que ocorre é que o nosso organismo metaboliza os nutrientes encontrados nos alimentos e, naturalmente, possui mecanismos de eliminação daquilo que não será utilizado. O fígado é um dos órgãos responsáveis por esta metabolização. Segundo, em relação às “toxinas”, nenhum alimento é tóxico ao organismo, a não ser que esteja literalmente estragado. Neste caso (o da intoxicação alimentar), o nosso organismo também reage naturalmente, se houver necessidade, por meio dos já conhecidos sintomas de intoxicação alimentar, como vômitos e diarréia (que por si só já são bastante perigosos à saúde). Por fim, não existem alimentos “não-saudáveis”. Todos os alimentos, inclusive os mais condenados (como doces, açúcar e guloseimas), podem fazer parte de uma alimentação saudável, desde que em equilíbrio com os demais.
As dietas ditas de desintoxicação são, portanto, mais uma tentativa de se vender uma nova promessa de saúde e perda de peso milagrosa. As suas conseqüências podem variar desde fraqueza e distúrbios gastrointestinais até arritmias cardíacas e alterações metabólicas graves que podem levar à morte por perda e desequilíbrio hidroeletrolítico (principalmente envolvendo o sódio, potássio e magnésio). Para aqueles que ainda acreditam que vale a pena arriscar tudo para perder peso, este tipo de dieta leva somente à perda por desidratação, transitória e rapidamente recuperada, lembrando que grandes oscilações no volume sangüíneo podem promover maior retenção hídrica (inchaço). É o famoso caso do tiro que sai pela culatra.
Finalizando, é sempre bom enfatizar que, se existisse pelo menos uma dieta que funcionasse, não existiriam tantos livros e revistas semanais sobre o tema!
Embora condenadas pelos profissionais de saúde, as dietas da moda continuam sendo muito procuradas. A cada mês surgem novas dietas, ou até “ressucitam” antigas dietas, somente com um novo nome. É o que ocorreu com a “Dieta da Proteína”. De autoria de Robert Atkins, fez sucesso na década de 70, prometendo rápida perda de peso às custas de restrição rigorosa de carboidratos e grande consumo de proteína. Mais recentemente, tal dieta voltou a ser lançada, com novo nome, ou até mesmo por meio de uma variedade mais “branda”, como a “Dieta de South Beach”. A adoção da “Dieta da Proteína” pode levar à perda de massa muscular, aumento das concentrações de colesterol e comprometimento da função renal. Além disso, a restrição de carboidratos leva a alterações do humor, dores de cabeça, mau-hálito, obstipação intestinal e redução da tolerância à atividade física.
Outra dieta da moda que ficou famosa nos últimos anos é a “Dieta do Tipo Sanguíneo”, de autoria de Peter J D’Adamo, que prega que cada tipo sangüíneo requer tipos diferentes de alimentos, ou até mesmo a exclusão total de alguns deles. O curioso é que o autor, que provavelmente já vendeu milhares de livros às custas da crença e ingenuidade alheias (e, claro, de um bom trabalho de marketing), não possui sequer um trabalho publicado sobre este assunto em revistas científicas confiáveis. Portanto, além de não possuir nenhum embasamento científico, esta dieta ainda pode levar a restrições perigosas de alimentos importantes para a manutenção da saúde.
Atualmente, têm feito muito sucesso, inclusive com divulgação pela internet, as dietas de “desintoxicação” (segundo a matéria da Folha de São Paulo, foram encontradas 1050 páginas a internet sobre o tema). O objetivo seria “limpar” o organismo das “toxinas” resultantes do metabolismo de alimentos “não-saudáveis” e, claro, causar perda de peso. O excesso de aspas aqui se justifica pelo seguinte: primeiro, nosso corpo não fica “sujo” devido à ingestão de alimentos, o que ocorre é que o nosso organismo metaboliza os nutrientes encontrados nos alimentos e, naturalmente, possui mecanismos de eliminação daquilo que não será utilizado. O fígado é um dos órgãos responsáveis por esta metabolização. Segundo, em relação às “toxinas”, nenhum alimento é tóxico ao organismo, a não ser que esteja literalmente estragado. Neste caso (o da intoxicação alimentar), o nosso organismo também reage naturalmente, se houver necessidade, por meio dos já conhecidos sintomas de intoxicação alimentar, como vômitos e diarréia (que por si só já são bastante perigosos à saúde). Por fim, não existem alimentos “não-saudáveis”. Todos os alimentos, inclusive os mais condenados (como doces, açúcar e guloseimas), podem fazer parte de uma alimentação saudável, desde que em equilíbrio com os demais.
As dietas ditas de desintoxicação são, portanto, mais uma tentativa de se vender uma nova promessa de saúde e perda de peso milagrosa. As suas conseqüências podem variar desde fraqueza e distúrbios gastrointestinais até arritmias cardíacas e alterações metabólicas graves que podem levar à morte por perda e desequilíbrio hidroeletrolítico (principalmente envolvendo o sódio, potássio e magnésio). Para aqueles que ainda acreditam que vale a pena arriscar tudo para perder peso, este tipo de dieta leva somente à perda por desidratação, transitória e rapidamente recuperada, lembrando que grandes oscilações no volume sangüíneo podem promover maior retenção hídrica (inchaço). É o famoso caso do tiro que sai pela culatra.
Finalizando, é sempre bom enfatizar que, se existisse pelo menos uma dieta que funcionasse, não existiriam tantos livros e revistas semanais sobre o tema!
Texto: Viviane Ozores Polacow
2 comentários:
É realmente incrível a quantidade de dietas "milagrosas" que as revistas publicam, desde as destinadas ao público de baixa renda até as revistas femininas para um público mais abastado. E a ignorância em relação a dietas e perda de peso não está relacionada a questão da renda. Conheço várias mulheres que fazem loucuras para emagrecer (inclusive comprar remédios ilegalmente) e que têm nível de terceiro grau ou mais. Na TV a mesma ladainha se propaga: hoje eu estava vendo a chamada para o Globo repórter de amanhã e, em um dado momento, o locutor dizia "conheçam os alimentos que emagrecem como a pimenta". Já pensou a quantidade de mulheres com dor de estômago depois disso. Muito esclarecedor a postagem, parabéns.
Muito bom o texto Viviane. Sou Nutricionista e as pessoas vivem dizendo sobre esta ou aquela dieta e isto está sendo tão divulgado que não adianta falarmos sobre Reeducação alimentar, as pessoas tem pressa e falta paciencia, isto em todos os sentidos do ser humano. Como profissional, corro atrás e tento fazer o melhor possível para orientar as pessoas, com muita paciência, claro!.
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