segunda-feira, janeiro 19, 2009

MANEQUIM SOB MEDIDA




Ao longo do tempo, a imagem feminina foi construída de várias formas, controlando o público feminino por meio de estereótipos que traduzem, ao final, o padrão de beleza vigente. De acordo com o padrão atual, a “mulher ideal” é linda, jovem e necessariamente magra. Nesse contexto, não há dúvida de que a indústria da moda exerce grande influência sobre o que se entende a respeito de padrão de beleza em nossa sociedade. Pode-se dizer que essa influência inicia-se com a utilização de modelos em desfiles e catálogos variados, e deve ser considerada também no momento da comercialização das peças de roupas aos consumidores finais.
A imagem das modelos do mundo da moda é empregada em vários espaços do cotidiano e afeta o dia-a-dia de um grande número de indivíduos. Apesar de servirem fundamentalmente como cabides humanos e de exibirem formas corporais que denotam condições de baixo peso e desnutrição, essas mulheres são frequentemente interpretadas como padrão a ser imitado e como fonte de inspiração a grande parcela da população.
Em uma outra faceta, deve-se considerar que todas as peças de roupas diariamente comercializadas às “pessoas comuns” são distinguidas por tamanhos (PP, P, M, G, GG, ou 36, 38, 40, 42, 44, 46 e assim por diante). A existência de tal distinção é indispensável para que o processo de compra e venda aconteça e atenda pessoas com formas corporais variadas, mas, ao contrário do que se possa pensar, não há um critério pré-estabelecido para que uma calça, por exemplo, seja marcada uniformemente por todas as grifes e confecções como “tamanho 40”. Cada empresa tem a liberdade de estabelecer o seu padrão de numeração, de acordo com o tipo físico do público que deseja atingir, como consta na reportagem Manequim sob medida, de Regiane Monteiro (
http://guiadasemana.uol.com.br/noticias.asp?/MULHER/SAO_PAULO/&a=1&ID=15&cd_news=39661&cd_city=1). Por isso, é bastante grande a possibilidade de uma mesma pessoa vestir um short tamanho 38 em uma loja e tamanho 42 no estabelecimento seguinte.
Mesmo assim, especialmente entre mulheres, os tamanhos das roupas adquiridas são utilizados como parâmetro para aferir a adequação das formas corporais. Em bate-papos entre amigas, é comum haver relatos de sensações (ilusórias) de contentamento por vestir um número abaixo do normalmente praticado e de desespero quando apenas peças de números acima servem. Acompanhando esse desespero, invariavelmente são planejadas ações inadequadas para alterar o padrão alimentar e de atividade física, ansiando recuperar ou reduzir as medidas, sem considerar que a alteração constatada pode ser devida à numeração não padronizada.
A falta de padrão na marcação de roupas é um problema a ser considerado e solucionado em breve, conforme discute a reportagem citada previamente. Entretanto, problema muito maior, que merece mais destaque e espaço para discussão atualmente, é aquele referente à estigmatização do uso de tamanhos de roupa maiores que o difundido pelo padrão de beleza das modelos do mundo da moda, o qual, na realidade, tem apenas um caráter simbólico, sendo inatingível para a maioria das mulheres. Problema maior é a necessidade de vestir sempre os menores manequins, sem se preocupar com a boa saúde. É preciso refletir sobre a obrigação de encontrar roupas em que “se caiba”, ao invés de escolher peças que tenham caimento adequado em cada um, fazendo com que as pessoas se sintam bem ao valorizarem as características e os atributos individuais, independentemente de se aparentar alta ou baixa, gorda ou magra, branca ou negra, loira ou morena.

Um comentário:

karol disse...

nossa parabens pelo blog.....
como eu queria ter a oportunidade de participar de um grupo de apoio como esse
minha cidade naum dão enfase aos transtornos alimentares
mas tudo bem né
abraço pra todos